Nem mesmo a lembrança de
ver suas poupanças congeladas há 3 décadas fez com que os brasileiros
colocassem o hoje senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL) no topo do
ranking dos políticos mais reprovados do Brasil.
Segundo levantamento da
empresa de pesquisas Ipsos, esse posto pertence hoje ao peemedebista
Eduardo Cunha, afastado da presidência da Câmara no início do mês
passado.
Primeiro político a
virar réu no âmbito da operação Lava Jato, Cunha é acusado de ter
recebido, ao menos, 5 milhões de dólares de pagamentos em propina para
facilitar dois contratos entre o estaleiro Samsung e a Diretoria
Internacional da Petrobras.
Nesta terça-feira (7), o
Conselho de Ética da Câmara deve finalmente votar parecer que sugere a
cassação do mandato do peemedebista em um processo que já se estende por
mais de sete meses. Ele é acusado de mentir à Comissão Parlamentar de
Inquérito (CPI) da Petrobras ao afirmar, em depoimento, não ter contas
no exterior em seu nome.
Se aprovado, o relatório
será encaminhado para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), que
deve avaliar os recursos que questionam os procedimentos adotados pelo
Conselho de Ética.
Caso o colegiado rejeite
todos recursos, o processo segue para o plenário da Câmara, que decide
pela cassação ou manutenção do mandato do peemedebista.
A habilidade do deputado
afastado para orquestrar manobras com o intuito de salvar o próprio
mandato tira as esperanças, contudo, de quem quer vê-lo longe do poder.
Em entrevista exclusiva a EXAME.com nesta segunda, o presidente do
Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados, José
Carlos Araújo (PR-BA), afirmou que afastamento de Cunha não foi
suficiente para impedir que ele atrapalhasse os trabalhos do colegiado.
"Ele continua frequentando a Câmara, telefonando para os deputados, a
influência dele está no ar", disse Araújo.
Uma classe em xeque
A percepção negativa do
brasileiro sobre Cunha não é um caso isolado. Segundo o relatório, 78%
dos entrevistados afirmaram que não confiam nos políticos em geral. As
Forças Armadas, em contrapartida, ganharam um voto de confiança de 41%
dos participantes da pesquisa.
Não por acaso, o maior
temor dos brasileiros para este período de transição de governos é de
que tudo continue do mesmo jeito no cenário político. O levantamento foi
realizado entre realizado entre os dias 29 de abril e 14 de maio com
1,2 mil pessoas de 72 cidades. A margem de erro é de 3 pontos
percentuais.
A pesquisa pediu para os
entrevistados avaliarem a atuação de 29 políticos e personalidades.
EXAME.com selecionou aqueles cuja taxa de resultado em que o
entrevistado disse que não sabia responder foi menor que 30%. Veja quem
são eles.
Exame.com