O Globo - Simone Iglesias, Catarina Alencastro, Geralda Doca e Eduardo Barretto
A
reação do Palácio do Planalto à aprovação do parecer que pede a
cassação de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) pelo Conselho de Ética pode ser
resumida em duas palavras: silêncio e apreensão. Ministros e auxiliares
diretos do presidente interino, Michel Temer, se esquivam de opinar
publicamente sobre a situação do peemedebista. A orientação dada por
Temer é para que todos evitem declarações até que saibam o tom que será
adotado por Cunha.
—
Sem comentários. Esse é um assunto da Câmara — reagiu o ministro Geddel
Vieira Lima (Secretaria de Governo), logo após o anúncio do resultado
de 11 votos a 9 no Conselho de Ética pela aprovação de parecer que pede
cassação de Cunha.
Ao
sair de uma reunião em direção ao encontro de Temer, Padilha seguiu a
mesma linha e ignorou as insistentes perguntas de jornalistas sobre o
resultado do Conselho. Ficou mudo e, ao se despedir, virou-se e fez
troça:
— Resultado? Que resultado?
Habitualmente
cuidadoso com as palavras, Temer terá que se superar para evitar
"melindrar" Cunha com gestos ou opiniões. Segundo um interlocutor
palaciano, os sinais do Planalto serão importantes na relação mantida a
partir da decisão do Conselho de Ética. Assim como evitou polêmica na
demissão de Romero Jucá (PMDB-RR) do Ministério do Planejamento, Temer
deverá manter o mesmo cuidado para não provocar Cunha, que é seu aliado
histórico e dos principais ministros políticos do governo, Geddel e
Eliseu Padilha (Casa Civil).