O presidente do
Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, determinou nesta
segunda-feira (18) a separação de parte da investigação da Operação Lava
Jato que envolve o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e políticos
com foro privilegiado. Os processos estão sob a condução do juiz federal
Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal em Curitiba.
No entendimento
de Lewandowski, a parte da investigação em que Lula aparece em
conversas grampeadas com políticos deve ser separada para que o ministro
Teori Zavascki, relator do processo, analise a legalidade da
investigação ao retornar das férias, no dia 1º de agosto. Lewandowski
decidiu a questão devido ao período de recesso na Corte.
A decisão foi
motivada por um recurso apresentado pela defesa do ex-presidente. Os
advogados pediram liminarmente que toda a investigação sobre o
ex-presidente da República volte a tramitar no STF porque os
parlamentares citados em diálogos com Lula têm foro privilegiado e, por
isso, só podem ser julgados pela Corte.
Na decisão,
Lewandowski negou todos os pedidos dos advogados de Lula, mas entendeu
que as gravações questionadas pela defesa devem seguir separadamente
para não gerar nova nulidade das provas.
“Assim, sem
prejuízo do regular andamento das centenas de feitos em trâmite perante o
juízo reclamado, convém que, por ora, as gravações apontadas como
ilegais permaneçam sob sigilo e isoladas dos demais elementos de prova
já colhidos nos demais processos em curso na instância de piso, até o
exame definitivo da presente reclamação pelo ministro Teori Zavascki”,
decidiu o ministro.
Zavascki
As
investigações sobre o ex-presidente foram remetidas para Moro em junho,
após decisão de Teori Zavascki, que anulou uma gravação, feita durante a
Lava Jato, de uma conversa telefônica entre Lula e a então presidente
Dilma Rousseff.
Na decisão, o
ministro entendeu que a escuta deve ser retirada do processo porque foi
gravada pela Polícia Federal após a decisão de Sérgio Moro de suspender o
monitoramento. Conforme o entendimento de Zavascki, Moro usurpou a
competência da Supremo, ao levantar o sigilo das conversas. No entanto,
as demais provas, como conversas envolvendo políticos, foram devolvidas
ao juiz.
Em manifestação
enviada na semana passada ao Supremo, Moro afirmou que está cumprindo a
determinação de Zavascki e que o áudio envolvendo Lula e Dilma foram
retirados do processo, conforme decisão do ministro. Para o juiz, o
restante da investigação continua rígido, e não há motivos para remeter
os processos novamente para o Supremo, conforme quer a defesa.