O jornalista e escritor Geneton Moraes
Neto morreu no fim da tarde desta segunda-feira (22) no Rio, aos 60
anos, vítima de um aneurisma dissecante na aorta. Ele estava internado
desde maio na Clínica São Vicente, na Gávea, Zona Sul da cidade. Deixa a
viúva, Elizabeth, três filhos, Joana, Clara e Daniel, e quatro netos,
Beatriz, Dora, João Philippe e Francisco.
O velório será na quarta-feira (24), das 8h às 13h, na capela 6 do Memorial do Carmo, no Caju, Zona Portuária do Rio.
Com mais de 40 anos de carreira no
jornalismo, Geneton era um apaixonado pelo exercício da reportagem,
função que ele afirmava ser a “realmente importante” no jornalismo.
Todo profissional precisa de uma bandeira. Escolhi uma: fazer Jornalismo é produzir memória. De certa forma, é o que me move”
Geneton Moraes Neto
Começou no jornalismo impresso, no
Diário de Pernambuco, depois foi para a sucursal Nordeste do Estado de
S. Paulo, sempre como repórter. Passou uma temporada em Paris, onde
trabalhou como camareiro, motorista e estudou cinema na Universidade
Sorbonne.
De volta ao Brasil, foi editor e repórter da Rede Globo Nordeste e depois na Rede Globo Rio.
Foi editor executivo do Jornal da Globo e
do Jornal Nacional, correspondente da GloboNews e do jornal O Globo em
Londres, repórter e editor-chefe do Fantástico. Na GloboNews desde 2006,
estava à frente do programa Dossiê. Em agosto de 2009, estreou um blog
no G1, que manteve atualizado até abril de 2016.
Geneton também era escritor: publicou
oito livros de reportagem e entrevistas. E seguiu o caminho dos
documentários, o mais recente sobre Glauber Rocha.
Pernambucano, nasceu, como gostava de
enfatizar, “numa sexta-feira 13 [de julho], num beco sem saída, numa
cidade pobre da América do Sul: Recife”. Saiu do referido beco sem saída
para ganhar o mundo fazendo jornalismo. Seus primeiros passos na
profissão foram aos 13 anos de idade, escrevendo artigos amadores para o
“Diário de Pernambuco” onde, poucos anos depois, conseguiu seu primeiro
emprego.
Geneton entrevistou seis presidentes da
República, três astronautas que pisaram na Lua, os prêmios Nobel Desmond
Tutu e Jimmy Carter, os dois militares que dispararam as bombas sobre
Hiroshima e Nagasaki, a mais jovem passageira do Titanic e o assassino
de Martin Luther King, entre muitos outros personagens históricos.
Entre os entrevistados que enfrentaram a
“metralhadora jornalística” de Geneton estão os generais Newton Cruz e
Leônidas Pires Gonçalves, que ocuparam importantes postos de comando
durante o regime militar e cujas entrevistas renderam ao repórter o
Prêmio Embratel de Telejornalismo de 2010.
Guardava as fitas brutas de todas as suas entrevistas. Parte delas
ele enviava para o Centro de Documentação da Globo, outra guardava em
casa.
“Todo profissional precisa de uma
bandeira. Escolhi uma: fazer jornalismo é produzir memória. De certa
forma, é o que me move”, afirmou o jornalista em depoimento ao Memória
Globo.
Em 2010, ao receber o prêmio Embratel de
jornalismo, Geneton publicou em seu blog “pequena carta aos que gastam
sola de sapato fazendo Jornalismo”. Escreveu que “fazer Jornalismo é
saber que existirá sempre uma maneira atraente de contar o que se viu e
ouviu” e outros lemas.
Além de reportagens, Geneton Moraes Neto
publicou diversos livros, dentre eles “Hitler/Satalin: o Pacto
Maldito”, “Nitroglicerina Pura”, “O Dossiê Drummond: a Última Entrevista
do Poeta”, “Dossiê Brasil”, “Dossiê 50: os Onze Jogadores Revelam os
Segredos da Maior Tragédia do Futebol Brasileiro”, “Dossiê Moscou,
“Dossiê História: um repórter encontra personagens e testemunhas de
grandes tragédias da história mundial” e “Dossiê Gabeira”.