Levantamento
do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do Tribunal de Contas da União
(TCU) mostra que candidatos a prefeito e vereador em todo o país
receberam R$ 300 milhões de pessoas de baixa renda ou com ganhos
incompatíveis às contribuições que fizeram. O TSE suspeita que CPFs de
cidadãos comuns foram utilizados para driblar a proibição das doações
por empresas, determinada para estas eleições. Se for comprovada a
participação do candidato em irregularidades, ele poderá ter seu
registro cassado.
De acordo com o balanço dos dois
tribunais, 22,4 mil inscritos no Bolsa Família contribuíram com R$ 21,1
milhões para campanhas eleitorais. Outros R$ 53 milhões foram repassados
por desempregados. Segundo o TSE e o TCU, 23,8 mil cidadãos doaram
valores muito superiores à própria renda. Eles transferiram, ao todo, R$
227,5 milhões. Mortos também foram incluídos nas listas de doares. Pelo
menos R$ 272 mil foram atribuídos a 143 pessoas já falecidas.
O levantamento não discrimina o montante
doado em dinheiro e as contribuições estimadas, que são aquelas
baseadas em serviço voluntário ou a cessão gratuita de algum bem, como
imóvel ou veículo. Para o presidente do TSE, Gilmar Mendes, também pode
haver fraude nas doações estimadas. “Você pega um caso, como vimos, de
alguém que recebe Bolsa Família e presta um serviço de produção de vídeo
por R$ 68 mil. O sujeito está na linha de pobreza e presta serviço
nesse valor, trabalha de graça?”, questionou Gilmar, segundo relato da
Folha de S.Paulo.