Jornais Folha e Estado de S. Paulo, que apoiaram o
golpe militar de 1964 e agora o golpe parlamentar de 2016, sugerem ao
governo Temer que amplie a repressão; para a Folha, manifestantes que
pedem democracia são "fascistas"; para o Estado, "cabe às autoridades
constituídas reprimir a baderna"; na noite do dia do impeachment, a
fachada da Folha teve que ser protegida pela polícia para não sofrer um
escracho.
247 – Os jornais Folha de S.
Paulo e O Estado de S. Paulo publicaram editoriais nesta sexta-feira 2
sugerindo ao governo Michel Temer que amplie a repressão contra
manifestantes, que a Folha chama de "fascistas". "A polícia revela-se
pouco preparada para manter a ordem e garantir que apenas os
manifestantes violentos sejam coibidos. Não faltaram episódios em que
policiais cruzaram os braços em face da baderna ou exorbitaram na
repressão, atingindo inocentes", diz trecho do texto da Folha (leia a
íntegra aqui).
"Grupelhos extremistas costumam atrair psicóticos,
simplórios e agentes duplos, mas quem manipula os cordéis? O que
pretendem tais pescadores de águas turvas? Quem financia e treina essas
patrulhas fascistoides? Está mais do que na hora de as autoridades
agirem de modo sistemático a fim de desbaratá-las e submeter os
responsáveis ao rigor da lei", continua o editorial.
Já o Estado de S. Paulo defende que "cabe às
autoridades constituídas reprimir a baderna" e afirma que Dilma Rousseff
"incita os brasileiros à divisão, por todos os meios", depois de ter se
"dedicado, com sua incompetência, arrogância e sectarismo, a levar o
País à beira do abismo". Segundo o editorial, "os confrontos com a
polícia são deliberadamente provocados pelos próprios baderneiros" (leia
aqui)
"Cabe às autoridades constituídas reprimir a baderna e
impedir que a desordem se torne rotina. É preciso saber distinguir o
legítimo e democrático direito a manifestação no espaço público da
baderna que atenta contra o direito da população de viver seu cotidiano
em paz. No primeiro caso, o poder público tem o dever de oferecer aos
cidadãos a garantia de se manifestar pacificamente. No segundo, tem a
obrigação de impedir a ameaça potencial ou a ação daqueles que infringem
a lei. A baderna nas ruas, longe de ser uma forma legítima e
democrática de manifestação popular, é um grave atentado ao direito
fundamental que os cidadãos, o povo, têm de viver em paz", diz um trecho
do texto.
O editorial do Estado diz ainda que "o que se viu na
quarta-feira nas ruas de São Paulo e ontem em pleno recinto do Senado
Federal – onde baderneiros interromperam os trabalhos de uma comissão
presidida pelo senador Cristovam Buarque – são exemplos de que os
movimentos ‘populares’ estão a transgredir de forma abusiva os limites
estabelecidos pela lei. Pois não há ‘direito’ que justifique a violência
nas ruas ou a ela sobreviva".
Na noite do dia do impeachment de Dilma Rousseff, 31
de agosto, a fachada da Folha teve que ser protegida pela Polícia
Militar para não sofrer um escracho.
Brasil 247