Um dos principais articuladores do golpe de 2016, o
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso insinua que Michel Temer pode
não completar a travessia até a próxima disputa presidencial; "Tem que
fazer coisas que não são populares. O desafio é chegar ao outro lado,
2018. Mas só vai chegar se tivermos um horizonte de esperança", diz ele;
no entanto, o próprio FHC reconhece que o estrago econômico foi tão
grande que dificilmente sairá do bloco governista um candidato viável;
"Hoje, a situação é de tal gravidade que será preciso ter continuidade
durante anos para restabelecer a confiança não só nacional, mas
internacional, no funcionamento da economia. E isso não vai dar bônus",
afirma, referindo-se a Henrique Meirelles.
Um dos principais articuladores do golpe
parlamentar de 2016, que será revelado em detalhes no livro de Eduardo
Cunha (saiba maisaqui), o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso concedeu uma entrevista à jornalista Daniela Lima, na qual fez uma ameaça velada a Michel Temer, ao dizer que talvez ele não chegue a 2018.
"Temer tem noção de seu momento histórico. Tem que
fazer coisas que não são populares, tomar decisões que podem não
agradar, sobretudo às corporações. O desafio é chegar ao outro lado,
2018. Mas só vai chegar se tivermos um horizonte de esperança", disse
ele.
O "só vai chegar" deixa claro que há a possibilidade
de queda antes disso – até porque o PSDB ainda move a ação no Tribunal
Superior Eleitoral que pede a cassação da chapa Dilma-Temer. Se a
decisão acontecer em 2016, o Brasil terá eleições diretas ainda neste
ano. Se ficara para 2017, o Brasil terá o "golpe dentro do golpe", com
um novo presidente escolhido por eleições indiretas.
Na entrevista, FHC diz que as ruas podem ganhar a
presença dos atingidos pela crise, no que seria "perigoso" para Temer.
"Os assolados pela crise ainda não se manifestaram. Quem esteve na rua
antes foi outro tipo de gente e quem está agora é militância. Com essa
grande massa não houve conexão. Pode haver? Pode. É perigoso? É",
admite.
Ele reconhece que o quadro econômico é tão grave – o golpe colocou mais de 1,6 milhão de pessoas na rua – que dificilmente deste governo irá brotar um candidato viável.
"Hoje, a situação é de tal gravidade que será preciso
ter continuidade durante anos para restabelecer a confiança não só
nacional, mas internacional, no funcionamento da economia. E isso não
vai dar bônus", diz ele, referindo-se a uma eventual candidatura de
Henrique Meirelles.
Sobre as denúncias contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, FHC disse não querer "jogar pedra".
Brasil 247