Rio -
O presidente da Portela, Marcos Falcon, foi morto na tarde desta
segunda-feira, na sede do comitê de campanha, na Rua Carlos Xavier,
esquina com a Rua Maria José, em Madureira, na Zona Norte. Ele era
candidato a vereador pelo Partido Progressista. No atentado, o
tesoureiro da escola, Felipe Guimarães foi atingido por um tiro de
raspão.
De
acordo com a assessoria de imprensa de Falcon, dois homens armados com
fuzil entraram no comitê e outros dois, que estavam encapuzados,
esperaram do lado de fora. Depois, houve muitos tiros.
A
assessoria contou ainda que cinco pessoas, além de Falcon, estavam
dentro do estabelecimento na ocasião do crime. O delegado Rivaldo
Barbosa, da Delegacia de Homicídios da Capital (DH), confirmou que foi
uma execução e que o presidente da Azul e Branca foi atingido por
diversos tiros. No entanto, ele disse que poderá dizer em quais partes
do corpo Falcon foi atingido depois do laudo do Instituto Médico Legal
(IML).

Luis
Carlos Magalhães, vice-presidente da escola de samba de Madureira,
elogiou Falcon e destacou que ele ajudou a "elevar a autoestima do
portelense". "Era uma grande liderança. Uma pena que isso tenha
acontecido", disse.
O
prefeito Eduardo Paes lamentou o assassinato do presidente da Portela,
que era casado há 10 anos com a porta-bandeira da Beija-Flor Selminha
Sorriso, e pediu para a polícia esclarecer o caso rapidamente. "Falcon
revolucionou com amor e dedicação a nossa Portela. Meus sentimentos à
família dele e, especialmente, à minha amiga Selminha Sorriso e toda
família portelense", acrescentou.
Amigo
de Falcon, o cantor Belo reforçou que a morte do presidente da Azul e
Branca é uma "perda imensa e irrecusável para o Carnaval". "Foi com
imensa dor e tristeza que eu recebi essa notícia chocante da morte do
presidente da Portela e, mais importante, meu amigo e padrinho. Descanse
em paz, meu amigo. Que Deus o tenha em bom lugar", completou.
Em
nota, a diretoria da Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de
Janeiro (Liesa) e a Beija-Flor também lamentaram a morte do presidente
da Portela.
Ameaça de morte
Em
março, o blog do Leo Dias, colunista de O DIA, publicou que a 29ª DP
(Madureira) estava investigando um plano para assassinar Falcon. A
coluna confirmou a existência de um áudio, que está em poder da polícia,
em que um homem declara existir tal intenção de homicídio. Na ocasião, o
presidente confirmou a investigação, mas pediu para não falar,
justamente para não atrapalhar o trabalho dos policiais.
Falcon
já sofreu quatro atentados, levou 18 tiros e se submeteu a nove
cirurgias reparadoras. Mas esta teria sido a primeira ameaça dele após
assumir o cargo na Portela.
Rivalidade com Rogério Andrade
A
queda de braço entre Rogério Andrade, patrono da Mocidade Independente
de Padre Miguel, e Falcon teve um capítulo à parte na apresentação dos
sambas enredo de 2015, na Cidade do Samba. Ali, o patrono Rogério
Andrade imaginava tornar a Mocidade o centro das atenções, com a
apresentação da rainha de bateria Claudia Leitte. A Portela, no entanto,
roubou a cena.
A
participação dos componentes das escolas era proibida no evento, mas
Falcon liberou a entrada dos portelenses pelo barracão. A Azul e Branco
foi a única a ter dezenas de vozes cantando o seu samba. Andrade não
gostou da manobra e deixou a festa naquele momento. “Esse cara nunca
mais vai brincar comigo”, teria dito, referindo-se a Falcon.
A
verdade é que na estratégia para tornar-se a grande personalidade da
Sapucaí, o contraventor não considera como adversários antigos bicheiros
como Anísio, Capitão Guimarães ou Luizinho Drumond, que acha
superados.
Desde
que destituiu Paulo Vianna da presidência da Mocidade, como revelou O
DIA, o ousado Andrade imprimiu seu estilo à escola. Despejou dinheiro
onde havia salários atrasados, trouxe a peso de ouro o carnavalesco
Paulo Barros, tricampeão do Grupo Especial, e a cantora Claudia Leitte.
Tudo para ganhar o título que não vem desde 1996.